Nesta terça-feira (10), os Alcoólicos Anônimos (AA) completam 90 anos de existência, marcando quase um século de atuação no apoio à recuperação de pessoas com dependência do álcool.
No Brasil, um dos principais destaques recentes da irmandade é o aumento significativo da participação feminina: o número de reuniões com composição majoritariamente de mulheres cresceu 44,7% no comparativo entre os períodos pré e pós-pandemia. Atualmente, existem cerca de 65 encontros presenciais e online voltados para o público feminino.
Segundo Lívia Pires Guimarães, presidente da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil (JUNAAB), o uso de álcool por mulheres ainda é subnotificado e cercado de estigmas. “Quando é uma mulher, esse estigma aumenta e é carregado de adjetivos pejorativos. O ambiente em que a mulher costuma beber frequentemente é sua casa. Então, fica invisibilizado”, observa.
Ela destaca que o cenário começou a mudar com o fortalecimento das reuniões virtuais durante a pandemia. “A partir do contato online, começaram a ir para o presencial também, ou permanecer nos dois. E aí o movimento começou a aumentar”, explica.
A virtualização dos encontros, que antes era apenas uma possibilidade em debate dentro da irmandade, se consolidou como um canal importante de acolhimento. Apesar das preocupações com o anonimato, princípio fundamental do AA, os próprios membros aram a organizar as reuniões online, respeitando as diretrizes internas. “Todas as ações são feitas por integrantes da irmandade. São eles que vão pensar, idealizar, trabalhar para acontecer e fazer”, ressalta Lívia Guimarães.
Com quase um século de atuação, o Alcoólicos Anônimos segue se adaptando aos novos tempos, fortalecendo seu alcance e ampliando o o, especialmente entre públicos historicamente mais invisibilizados, como as mulheres.