O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou qualquer envolvimento ou apoio aos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por manifestantes.
Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que havia “malucos” entre os participantes que pediam por medidas autoritárias, como a volta do AI-5, mas que isso não teve adesão dos comandos militares.
“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente foi ouvido pelos ministros do STF, incluindo o relator do caso, Alexandre de Moraes, como parte das investigações sobre o grupo apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o “núcleo crucial” de uma tentativa de golpe de Estado em 2022. Ele é o sexto dos oito investigados a prestar esclarecimentos.
Durante a oitiva, Bolsonaro também se dirigiu ao Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, para reforçar sua posição contrária aos atos violentos.
“Nós repudiamos tudo isso aí. Com todo respeito, doutor Paulo Gonet, não procede que colaborei com o 8 de janeiro. Não tem nada meu ali, estimulando aquela baderna que nós repudiamos”, afirmou.
O AI-5, mencionado por Bolsonaro, foi o mais severo dos atos institucionais da ditadura militar, editado em 1968. Ele suspendeu direitos civis e deu amplos poderes ao Executivo, marcando um dos períodos mais duros da repressão no país.