Queda no ranking global expõe crise nas universidades brasileiras: 87% perdem posição, aponta CWUR

O CWUR é uma organização que fornece conselhos sobre políticas, ideias estratégicas e serviços de consultoria a governos e universidades

Foto: Reprodução Google Street View

A nova edição do ranking internacional do Centro para Rankings Universitários Mundiais (CWUR), divulgada nesta segunda-feira (2), acendeu um alerta vermelho sobre a situação do ensino superior no Brasil: 87% das universidades brasileiras caíram de posição na lista que reúne as 2.000 melhores instituições do planeta. O principal motivo? A falta de investimento governamental e a queda no desempenho em pesquisa.

Das 53 universidades brasileiras presentes no levantamento, nada menos que 46 perderam colocação em relação ao ano anterior. A Universidade de São Paulo (USP), apesar de ainda ser a melhor colocada da América Latina, também sentiu os impactos e caiu do 117º para o 118º lugar.

O CWUR aponta que os principais fatores para essa queda generalizada são o desempenho fraco em pesquisa e a dificuldade de competir com universidades estrangeiras que recebem financiamento robusto e estratégico. “O Brasil está ficando para trás no cenário acadêmico global”, alertou Nadim Mahassen, presidente da instituição.

Segundo Mahassen, enquanto países como China e outros da Europa e Ásia priorizam a educação como motor de desenvolvimento, o Brasil luta com cortes de verbas e ausência de planejamento estratégico. “Sem apoio financeiro sólido, o país corre o risco de comprometer o futuro acadêmico de toda uma geração”, reforça.

As poucas exceções

Embora o cenário geral seja de declínio, sete universidades brasileiras conseguiram melhorar suas posições no ranking. Destaque para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que subiu 70 posições e agora ocupa o 331º lugar. Outras que registraram avanços incluem:

  • Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – 369º
  • Universidade de Brasília (UnB) – 833º
  • Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – 1367º
  • Universidade Tecnológica Federal do Paraná – 1455º
  • Universidade Federal do Rio Grande – 1644º
  • Universidade Federal do Triângulo Mineiro – 1836º

Apesar dessas exceções, a tendência é preocupante.

Brasil perde força enquanto China avança

Um dado que mostra como o mundo está mudando: pela primeira vez, a China superou os Estados Unidos no número de universidades entre as 2.000 melhores do mundo, com 346 instituições listadas, contra 319 dos norte-americanos.

Isso mostra o resultado de anos de investimento pesado do governo chinês em ciência e educação, enquanto nos EUA crescem os debates sobre liberdade acadêmica e cortes orçamentários.

No top 10 global, o domínio continua com as norte-americanas Harvard, MIT e Stanford, seguidas por Cambridge e Oxford, do Reino Unido.

Como o ranking é feito

O CWUR avaliou 21.462 universidades de 94 países, com base em quatro critérios:

  • Qualidade da educação (25%)
  • Empregabilidade (25%)
  • Qualidade do corpo docente (10%)
  • Pesquisa (40%)

As 2.000 melhores compõem o chamado Global 2000. E, embora o Brasil tenha uma boa presença numérica, a queda de desempenho revela um cenário preocupante e um futuro incerto se mudanças estruturais não forem feitas.

AS 53 UNIVERSIDADES BRASILEIRAS DO TOP 2000: 

1) Universidade de São Paulo [?118º] 

2) Universidade Federal do Rio de Janeiro [?331º] 

3) Universidade de Campinas [?369º] 

4) Universidade Estadual Paulista [?454º] 

5) Universidade Federal do Rio Grande do Sul [?476º] 

6) Universidade Federal de Minas Gerais [?497º] 

7) Universidade Federal de São Paulo [?617º] 

8) Fundação Oswaldo Cruz [?668º] 

9) Universidade Federal de Santa Catarina [?727º] 

10) Universidade Federal do Paraná [?783º] 

11) Universidade de Brasília [?833º] 

12) Universidade do Estado do Rio de Janeiro [?870º] 

13) Fundação Getúlio Vargas [?880º] 

14) Universidade Federal de Pernambuco [?887º] 

15) Universidade Federal do Rio Grande do Norte [?951º] 

16) Universidade Federal do Ceará [?961º] 

17) Universidade Federal de São Carlos [?966º] 

18) Universidade Federal Fluminense [?982º] 

19) Universidade Federal de Viçosa [?984º] 

20) Universidade Federal de Pelotas [?986º] 

21) Universidade Federal da Bahia [?1024º] 

22) Universidade Federal de Santa Maria [?1031º] 

23) Universidade Federal de Juiz de Fora [?1090º] 

24) Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) [?1099º] 

25) Universidade Federal de Goiás [?1119º] 

26) Universidade Federal do ABC [?1122º] 

27) Universidade Federal da Paraíba [?1267º] 

28) Universidade Federal do Espírito Santo [?1268º] 

29) Universidade Federal de Lavras [?1284º] 

30) Universidade Federal do Pará [?1288º] 

31) Universidade Federal de Uberlândia [?1294º] 

32) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) [?1330º] 

33) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul [?1367ª] 

34) Universidade Estadual de Maringá [?1368º] 

35) Universidade Federal de São João del-Rei [?1385º] 

36) Universidade Tecnológica Federal do Paraná [?1455º] 

37) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul [?1506º] 

38) Universidade Estadual de Londrina [?1526º] 

39) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) [?1558º] 

40) Universidade Federal de Sergipe [?1584º] 

41) Universidade Federal do Rio Grande [?1644º] 

42) Universidade Federal Rural de Pernambuco [?1691º] 

43) Universidade Federal de Mato Grosso [?1745º] 

44) Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro [?1774º] 

45) Pontifícia Universidade Católica do Paraná [?1785º] 

46) Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) [?1831º] 

47) Universidade Federal do Triângulo Mineiro [?1836º] 

48) Universidade Federal de Ouro Preto [?1911º] 

49) Universidade Federal de Campina Grande [?1930º] 

50) Universidade Federal de Alagoas [?1946º] 

51) Universidade Federal do Piauí [?1950º] 

52) Instituto Tecnológico de Aeronáutica [?1994º] 

53) Universidade Federal do Amazonas [?1999º]

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