O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) buscou aconselhamento com o ex-presidente Michel Temer (MDB) em São Paulo, na última sexta-feira (6), antes de prestar depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A conversa ocorreu em local reservado, na casa de um amigo em comum, e teve como foco a relação de Bolsonaro com o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura tentativa de golpe de Estado.
Segundo relatos, Temer aconselhou Bolsonaro a adotar uma postura mais contida e a demonstrar arrependimento durante o depoimento, especialmente em relação às declarações em que o ex-presidente insinuou que Moraes poderia ser alvo de um plano de assassinato. Temer também sugeriu que Bolsonaro pedisse desculpas publicamente.
O depoimento foi prestado na terça-feira (10), quando Bolsonaro recuou das acusações e afirmou não haver “indícios” de que Moraes tivesse recebido propina para fraudar as eleições, versão que já havia sido propagada por ele anteriormente. O ex-presidente também pediu desculpas ao ministro, em linha com a orientação recebida.
A relação entre Michel Temer e Alexandre de Moraes é de longa data. Moraes foi ministro da Justiça durante o governo Temer e foi indicado ao STF por ele em 2017. Nos bastidores, Temer tem atuado como interlocutor em momentos de tensão institucional, como ocorreu também durante a crise do 7 de setembro de 2021.
Na ocasião, após críticas duras de Bolsonaro ao STF, incluindo a declaração de que não cumpriria ordens judiciais e o ataque direto a Moraes, chamado de “canalha”, o presidente recuou por meio de uma carta de tom conciliador — redigida com ajuda de Michel Temer.
De acordo com pessoas próximas, Temer voltou a alertar Bolsonaro sobre a insistência em confrontos com o ministro. “Não é possível, toda hora, falar mal do Alexandre”, teria dito o ex-presidente emedebista durante a reunião. A recomendação foi para que o ex-presidente adotasse uma abordagem diferente, diante das investigações conduzidas por Moraes e dos desdobramentos judiciais que ainda o envolvem.