Falar sobre traição em tempos de “amor livre” pode parecer uma ideia ultraada, mas, na prática, o tema ainda é relevante e causa discussões acaloradas, especialmente nas redes sociais. A verdade é que a traição não depende da definição popular, que muitas vezes a associa apenas a atos físicos, mas sim dos limites que um casal define entre si. Como já foi abordado na coluna Pouca Vergonha, a infidelidade está mais relacionada à quebra de confiança do que ao simples ato de trocar carícias ou beijos.
Embora a infidelidade seja geralmente vista como algo ligado ao sexo, ela pode ser bem mais complexa. Em relações em que existe um compromisso, “trair” pode significar envolvimento emocional com outra pessoa, e não necessariamente uma relação sexual.
A educadora e terapeuta sexual Márcia Giacomossi explica que a traição emocional acontece quando alguém se conecta emocionalmente com outra pessoa, o que pode afetar o relacionamento com o parceiro. Isso acontece porque o parceiro pode se sentir negligenciado, já que a conexão emocional que deveria ser exclusiva entre os dois está sendo compartilhada com outra pessoa.
Giacomossi explica que, na traição emocional, não há necessidade de beijos ou toques físicos. O que caracteriza esse tipo de traição é a troca de sentimentos, segredos e pensamentos, algo que vai além do simples desejo físico. No entanto, ela destaca que a traição física costuma ser mais dolorosa para os casais, pois envolve contato físico direto, violando o pacto do casal de serem um só.
Como identificar a traição emocional?
De acordo com a terapeuta, a traição emocional pode ser identificada por alguns sinais, como:
- Mudanças no comportamento do parceiro;
- Falta de comunicação ou evasivas em conversas;
- Aumento da privacidade e distanciamento;
- Alterações no humor e desinteresse sexual;
- Reações exageradas a perguntas simples;
- Recusa em compartilhar ou responder de forma aberta ao que você diz.
Portanto, é importante ficar atento às mudanças sutis no relacionamento, que podem indicar uma desconexão emocional, mesmo sem envolvimento físico com outra pessoa.